Há precisamente 1 ano fomos confrontados por um inimigo invisível e, para o defrontar, foram adotadas várias medidas laborais de forma a minimizar os contactos entre os colaboradores e, consequentemente, os contágios por Covid-19. A promulgação do 1.º Estado de Emergência no dia 18 de março de 2020 trouxe equipas em espelho, horários desfasados, layoff, teletrabalho obrigatório. Decisões difíceis para as chefias, muitas mudanças na organização das tarefas, desafios constantes para as equipas de trabalho.
O regime de teletrabalho, até à data com expressão diminuída, foi determinado obrigatório pelo Executivo a partir de 23 de março de 2020, sempre que as funções em causa o permitissem. A partir de junho deixou de ser obrigatório, em função de um levantamento faseado das restrições, no entanto foi novamente determinado obrigatório em novembro de 2020, devido ao aumento de número de contágios.
Esta medida, como todas as outras, apresenta vantagens e desvantagens. Por um lado, é benéfica para atingir o objetivo de distanciamento social para redução do número de contágios, por outro lado, pode promover o isolamento social. Um aspeto muito importante neste regime é a avaliação do perfil psicológico do trabalhador. Cada trabalhador tem caraterísticas distintas e, em função da nova experiência do teletrabalho, teve de encontrar ferramentas internas para se ajustar à nova realidade, desde reorganização, autonomia, autodisciplina e, extremamente importante, a automotivação.
Contudo, a modalidade do teletrabalho não é apenas desafiante para o teletrabalhador, que está ausente fisicamente da empresa. O desafio é também uma constante para os colegas que continuam a deslocar-se para as instalações da empresa, “despidas” de capital humano e têm a responsabilidade extra de dar apoio de retaguarda aos colegas em teletrabalho.
Também para as chefias esta é uma modalidade que acarreta um acréscimo de atenção na gestão e coordenação do trabalho, entre quem está em trabalho presencial e quem está em trabalho remoto. Neste processo, os canais de comunicação são vitais para que “do longe se faça (o mais possível) perto”, no entanto é inevitável que, mesmo com uma diversidade de plataformas para videoconferência e teletrabalho, se verifiquem algumas barreiras na comunicação entre as equipas de trabalho.
Constatamos, assim, 3 perspetivas desafiantes do teletrabalho, em que todas elas são assumidas por pessoas: seres humanos com dúvidas, incertezas, receios, que além de trabalhadores, têm família, têm amigos, têm múltiplas responsabilidades, e estão a combater o mesmo inimigo invisível.