Não será necessário dissertar muito para chegarmos à conclusão que quer seja politicamente, socialmente, a todos os níveis, o mundo anda virado ao contrário.
Basta ler o jornal ou assistir ao noticiário na televisão para chegarmos à conclusão que de facto o nosso dia a dia está virado do avesso.
… Será que ainda nos conseguimos salvar?
… Será que caminhamos numa dialética de Hegel invertida, rumo à nossa extinção?
Depois de termos descoberto o planeta em que vivemos em toda a sua latitude e longitude, depois de termos explorado, cada metro, cada centímetro quadrado da Terra, depois de termos ido à Lua e de nos estarmos a aventurar já para os confins do universo, urge explorarmos o que realmente nos falta: nós próprios.
O mundo está mesmo virado do avesso e só conseguiremos inverter esta caminhada suicida quando mais do que irmos ao centro da Terra, que é tão longe, conseguirmos viajar ao mais íntimo de nós mesmos, que é já ali.
Uma lenda Hindu conta que em tempos, o ser humano tinha as mesmas capacidades dos deuses.
Depois de uma zanga, os deuses retiraram ao Homem os poderes que o tornavam num ser divino e esconderam-nos num sítio onde ele nunca os encontrasse. Desesperado o Homem tudo fez para recuperar essas capacidades superiores. Subiu à mais alta das montanhas, mergulhou no mais profundo dos oceanos, percorreu enormes distâncias em toda a Terra e nada encontrou.
Apercebendo-se de tudo isto, um deus menor perguntou ao Deus de todos os deuses:
– Mas afinal onde escondeste os poderes daqueles que dantes eram como nós?
O Deus maior respondeu:
- Escondi a força suprema no lugar onde o Homem nunca irá procurar: no mais íntimo de si.
É na minha opinião, este o nosso verdadeiro problema e a razão do nosso mundo estar virado ao contrário.
Tal como na velha lenda, inventámos os meios mais sofisticados para percorrer distâncias enormes, mas não conseguimos simplesmente viajar dentro de nós e encontrarmo-nos. No dia em que conseguirmos, o mundo deixará de estar virado ao contrário.
Um destes dias gostava de escrever um artigo de ‘pernas para o ar’ e até podia ser numa revista chamada Pensar Fora da Caixa, seria um humilde mas sentido contributo para virarmos o mundo do lado bom.