Quando se fala em transporte falamos de um serviço.

O transporte não produz bens materiais e não transforma o que transporta. No transporte estabelecem-se relações de serviço, por exemplo, entre os carregadores e as transportadoras, entre as transportadoras e os clientes finais. Entre os passageiros e a empresa de transporte, entre a empresa de transporte e as autoridades organizadoras (municípios, etc.).

O conceito de qualidade de serviço é usado para caracterizar as exigências dos carregadores, a competitividade dos operadores técnicos e organizacionais. E representa o ponto de vista do cliente na apreciação da prestação de serviço.

A noção de qualidade de serviço pode conter diferentes aspetos:

  • Técnicos – relacionados com o desempenho em termos de fiabilidade dos materiais, ocorrência de avarias, manutenção, etc.
  • Organização do serviço – como a amplitude horária, a acessibilidade nos momentos críticos para os clientes, etc.
  • Relacionais – no encontro entre os clientes e a empresa através dos seus colaboradores.

O motorista do veículo pesado de mercadorias ou de passageiros constitui um dos interfaces entre a empresa e os clientes. O comportamento do motorista contribui para a imagem da empresa a que pertence e para a qualidade sentida e avaliada pelo cliente.

A qualidade de serviço não é um conceito simples de apreender, a sua apreciação vai variar segundo quem presta o serviço e quem o adquire, segundo o ambiente social, legal e também segundo a profissão. Determinados aspetos dos serviços de transportes são relativamente invariáveis, como por exemplo, o cumprimento dos horários, mas o impacto de um incumprimento não terá a mesma incidência se o transporte de longo curso levar automóveis ou animais vivos; se acompanhar um grupo de turistas ou atravessar uma zona urbana em hora de ponta…

Mas e para que querem as empresas de transporte preocupar-se com a qualidade de serviço?

Do ponto de vista das empresas de transporte, a qualidade é antes de mais um desafio económico, comercial e estratégico.

Um desafio económico:

  • Redução de custos
  • Aumento do valor acrescentado
  • Redução das não conformidades
  • No respeito pelas normas de qualidade

Um desafio comercial:

  • Dar confiança e satisfação aos clientes
  • Fidelizar os clientes atuais e angariar novos
  • Reduzir as reclamações
  • É na interação profissional-cliente que se estabelece a confiança e a satisfação dos clientes

Um desafio estratégico

  • Melhorar a imagem de marca diminuindo as más referências e aumentando a notoriedade
  • Reforçar as vantagens face à concorrência
  • Desenvolver-se
  • Marcar a diferença no serviço prestado: indo para lá do standard, acrescentar a qualidade

Quando o motorista reflete sobre a qualidade do serviço que presta deve ter em conta que:

  • O cliente espera um tipo de serviço em função do marketing da empresa, da publicidade passa-a-palavra, das experiências de transporte anteriores.
  • A qualidade técnica e funcional do serviço contribui para a imagem de marca da empresa.
  • A qualidade de serviço desejada resulta da imagem da empresa para o cliente confrontado entre o serviço esperado e o serviço obtido. Por outras palavras, a expectativa do cliente será tanto mais elevada quanto melhor for a imagem da empresa.
  • A qualidade de serviço vai estabelecer-se na interseção destes dois mundos: o mundo da produção do serviço – a empresa – e o mundo do consumo do serviço – os clientes.
  • O motorista encontra-se no meio desses dois mundos: na relação com a empresa a que pertence – administração, serviços técnicos e comerciais, e na relação com os clientes a quem prestam o serviço que irá ser avaliado.

O seu desempenho será tanto melhor quanto melhor conseguir usar as suas competências técnicas, organizacionais e relacionais.