A vida é como uma montanha-russa. Cheia de curvas, contracurvas, altos, baixos, suspense, adrenalina, subidas lentas, descidas estonteantes, sensações, uma verdadeira coleção de emoções.
Calculo que ninguém pagaria uma volta na montanha-russa se fosse uma linha reta, apenas de A para B. O seu sucesso reside mesmo no durante, a sucessão de experiências dentro da experiência global.
Um dos pontos quentes da montanha-russa é o «looping», aqueles segundos em que damos uma volta rodando sobre nós mesmos, de cabeça para baixo. É um momento febril, radical e temporário.
Na vida também se passa o mesmo. Porém, há quem fique no looping tempo de mais. Surge a confusão, má-disposição, preocupação, dúvida, stress e ansiedade. Se se sentir assim alguma vez, é porque está em looping. Anda à volta e não há movimento. Há movimento, mas repetitivo. A vida não flui. A aprendizagem para, a experiência fica retida e sem ela o indivíduo fica anestesiado, num transe tóxico.
Ora a experiência é o que permite ao indivíduo crescer. O percurso tem de ser feito pelo próprio. Há quem fique à espera que a felicidade e a boa vida cheguem em vez de a viverem. A felicidade não se encontra num ponto. Nem no início, nem no final. Está contida no movimento, na coleção de emoções no trajeto.
Do material ao espiritual
Felicidade é um processo espiritual, da sua interioridade, e não material, baseado na acumulação de bens ou de status. As emoções positivas que sentimos dos bens materiais que adquirimos esgotam-se mais depressa do que as que sentimos das experiências que vivemos, sobretudo com outras pessoas. Convívio, passeios, férias, encontros, celebrações, partilha.
São as experiências que constroem memórias positivas e lhe dão a sensação de bem-estar. Do outro lado está a aquisição de bens, uma sensação momentânea sem registo significante na memória.
Como material entende-se carros, casas, roupas, etc.; os conceitos de status, como poder, importância, valor, honra, bom-nome, presença, imagem; o apego a tarefas, regras e procedimentos; a especulação mental da dualidade, como bem e mal, certo e errado, mau e bom, prazer e desprazer.
Ora toda a experiência é válida, não havendo apego nem dualidade. Tomando consciência do mundo espiritual ou emocional, saberá que o mundo material é temporário. Não é fácil assimilar este estado, a maioria das pessoas são servas do mundo material.
Mas embora o gosto pelos objetos permaneça, entregue-se a um propósito maior e ganhará mais consciência da sua interioridade, das suas emoções, que constituem o seu mundo espiritual. Esse é o caminho para a felicidade. A vida material é o passaporte para sentimentos de medo, ansiedade, perda e escassez.
Pessoas felizes experimentam mais, vivem sensações, convivem, criam ligações significantes e partilham boas sensações.
Invista mais em experiências e menos em objetos. Partilhe vivências e momentos, acumule capital emocional vivo. Mantenha-se sempre em viagem, em movimento.
Comece já. Agora é o momento, o momento é agora.