Sempre que chega a chuva, muitos são os despistes que acontecem, nomeadamente em autoestrada, e com automóveis topo de gama.
O que é que leva estas “bombas” a despistarem-se tão frequentemente?
Por vezes, os condutores experimentam uma sensação de intocabilidade ao conduzirem estes automóveis, dado que nos transmitem conforto e uma segurança extrema, aliados, muitas das vezes, também à sensação de que “eu sou um bom condutor e com um carro destes as possibilidades de ter um acidente são mínimas”. No entanto, são estes mesmos automóveis que nos enganam.
Os condutores confiam que estas bombas com pneus largos, nos permitem “abusar” mais, mas quando chega a chuva e se formam lençóis de água, são estes mesmos pneus largos que tanta segurança nos transmitem que nos fazem despistar. A teoria de que um pneu largo nos dá mais segurança é verdade, mas com lençóis de água “volta-se o feitiço contra o feiticeiro”, dado que a superfície de rolagem é maior, logo a possibilidade de aquaplanagem também é maior, proporcionalmente à maior largura dos pneus. É nestas situações que os despistes acontecem facilmente.
Como exemplo, refiram-se os ralis efetuados com neve em que os pneus utilizados são de “bicicleta”, precisamente para diminuir a superfície de contacto, diminuindo assim a possibilidade do pneu deslizar na neve, ficando sem aderência.
Outra questão relevante nestes despistes é a confiança que os condutores depositam nos sistemas de segurança ativa, como o ESP, um dispositivo que sozinho até trava o veículo se o veículo não estiver a dirigir-se para o local que o condutor pretende. É importante saber que o ESP se desativa se um dos pneus do veículo não estiver em contacto com o solo, e isto acontece na aquaplanagem. Sendo assim, a situação ainda piora mais, porque ficamos sem um dos principais aliados da segurança e quando o ESP volta a ativar, por vezes já é tarde de mais.
Falei anteriormente dos topos de gama, mas é pertinente falar também nos veículos alterados; por vezes, colocam-se pneus mais largos para aumentar a aderência, o que pode ser uma realidade, mas facilitam a aquaplanagem, sem que os condutores tenham isso em consideração.
Por último, referir que as nossas estradas e, em particular, as autoestradas, são potenciais armadilhas no que diz respeito à aquaplanagem, uma vez que, quando a chuva é intensa, não existe nenhum escoamento totalmente eficaz.